Dra. Fernanda Mocelin

O bebê nasceu! Qual o papel dos avós?

Com frequência vejo em meu consultório famílias com dificuldade para organizar o espaço dos avós após a chegada do bebê.⁣ A verdade é que, muitas vezes, o casal esquece de falar sobre isto no período gestacional e, quando o bebê chega, o resultado acaba sendo desastroso e os papéis se confundem.

A mãe precisa conhecer o bebê. E ela precisa de espaço para isto. Neste momento, avós são muito bem vindos para fazer uma comidinha, organizar a casa, ajudar com os irmãos mais velhos, ficar com o bebê para que a mãe tome um banho demorado (e dê uma choradinha no banho -quem nunca?). ⁣

Vejo que os avós, na ânsia de querer ajudar (pois já são pais, não é mesmo?), acabam atrapalhando. Querem ensinar a ninar, dizem que vai acostumar mal se ficar muito tempo com o bebê no colo, comparam com o filho da vizinha que já dorme a noite toda, querem dar chazinho para acalmar as cólicas, talvez até uma mamadeira . A verdade é uma só: a gente só aprende, fazendo. É preciso que os avós deixem este espaço para que a filha vire mãe, do jeito dela, com o instinto que a natureza sabiamente proporcionou.⁣

Avós, tenham certeza: nunca, em nenhum momento da vida, a mulher precisa mais da mãe do que quando ela mesma vira mãe. Portanto, mimem as suas filhas e deixem que as suas filhas cuidem dos seus netos. Confiem no amor com o qual vocês as criaram e acreditem: ela vai ser uma mãe extraordinária. Só precisa de tempo, espaço, carinho, silêncio e apoio .⁣ Uma mãe que se sente amparada, acredita em si. E existe presente melhor para o seu neto do que uma mãe confiante?

Ah! E caso algo não esteja bem nesta relação, insisto para que seja falado. A energia da mãe está voltada para o bebê e é ali que deve ficar. Ou seja, quem deve organizar a função dos avós, preferencialmente, é o pai, ok? Falando com jeito, ninguém vai ficar chateado. A mãe deve ser poupada dos conflitos, pois dentro dela já está tendo uma revolução: a filha está virando mãe . E não é maravilhoso? Avós: se deliciem com esta transformação! Observem! Aplaudam! Elogiem! Mas nunca, nunca façam uma mãe acreditar que ela não é suficiente!


Dra. Fernanda Mocelin – Pneumopediatra – RQE 27.163