Dra. Fernanda Mocelin

Reflexões sobre a maternidade

Esta semana estava no shopping de mãos dadas com as gurias e cantando em bom (e desafinado) tom. Fui abordada por uma mulher de cerca de 70 anos, muito amável, que, resumidamente, disse que se arrepende de não ter tido, enquanto mãe de crianças pequenas, a leveza que estava vendo em mim. E, reforçou, “ainda bem que a vida nos dá os netos, para compensar”. Sorri, segui cantando, mas fiquei triste por ela. Porque a maternidade só pode ser feliz quando abrimos mão do controle. Esta história de rotina rígida não funciona para todos e tende a funcionar proporcionalmente menos à medida que o número de filhos aumenta.

Se difundiu uma regra de que filhos precisam de rotina rígida e tenho notado que isto massacra as mães. Rotina é legal, funciona, mas sabe o que mais funciona? Uma mãe FELIZ. Que não surta. Que não está sempre aos berros. Que ri quando imprevistos acontecem. Que trata o marido e os filhos com carinho e respeito, porque mais importante do que banho às 18h, jantar 19:30 e cama às 20h, é o sorriso no rosto, a cumplicidade do casal e aquele caos saudável que só uma casa com crianças sabe ter.

Sua criança não vai lembrar se dormia todo santo dia às 20h. Ela vai lembrar da sua leveza, da som da sua gargalhada, de ver os pais se abraçando, de te ver dançando (sem ritmo, no meu caso), algum pagodão dos anos 90. Estas cenas criam mais do que memórias. Elas criam força. Elas dão substrato.
Dica de ouro: comecem a sorrir, mesmo sem vontade, até isto virar um hábito. Aposto que as coisas vão começar a fluir melhor! Bom dia e bons sorrisos!


Dra. Fernanda Mocelin – Pneumopediatra – RQE 27.163