Dra. Fernanda Mocelin

Dois anos da Bárbara

Hoje a nossa Bárbara faz 2 anos. E me soa até insano lembrar que, há cerca de 2 anos e uma semana, eu liguei para minha mãe chorando e dizendo: “mãe, tenho certeza de que eu não vou conseguir amar a Bárbara da mesma forma que eu amo a Rafaela”. Minha mãe riu. Riu alto.

Nunca fui destas que romantiza a gravidez. Não me achava linda, porque não me parecia natural ter um metro de circunferência abdominal e nem andar como uma pata. Meu negócio é bebê no colo. E é estranho (quase cruel) dizer isto, pois sei que realmente tem gente que já sente um amor louco pelo bebê na barriga, mas a verdade é que eu só amo, vendo. E quando a Bárbara saiu de mim e grudou aquele olho (gigante) no meu, entendi o motivo da risada da minha mãe.

E ao contrário do que se diz, realmente, é impossível amar dois filhos igualmente.

Porque a Rafa é muito engraçada, já a Babi é muito carinhosa.

Porque a Rafa dormiu a noite toda com 40 dias (relaxem, mamães, ela foi exceção), já a Babi até hoje, migra para a nossa cama na madrugada, na maior cara de pau.

Porque a Rafa quando é confrontada, berra e chora de braba (é minha filha, gente)!. A Babi chora de magoada, com direito à beicinho e soluços .

Porque a Rafa não é tanto do toque, mas enlouquece se não prestamos atenção no que ela está dizendo ou fazendo. Já a Babi, se pudesse, viveria fusionada em mim, dando o pescoço para eu cheirar e com a mãozinha gorda agarrando a alça do meu sutiã.

Porque a Rafa mamou até os oito meses e me abandonou sem maiores explicações. A Babi, mama até hoje e o desmame está sendo bem natural e gentil.

Porque a Rafa já é super independente, dona de si, confiante, não quer ajuda pra nada (e isto envolve ter paciência enquanto ela leva 5 minutos pra fechar o botão da calça). E a Babi ainda tem muitos comportamentos de bebê e precisa de supervisão (idealmente -mas nem sempre) constante.

A verdade é que, tendo duas filhas em fases completamente diferentes, o amor dedicado é exatamente o amor necessitado. Nem mais, nem menos, apenas, naturalmente, dou o que cada uma me pede.

Não é fácil, não é todo dia que consigo equilibrar esta atenção, mas posso afirmar: desde o primeiro momento em que eu vi o amor genuíno entre elas, desde a vez em que elas gargalharam juntas, desde a vez em que a Rafaela disse “eu te amo” para a Bárbara (e o vice versa já rolou, embora a pequena nem saiba direito o que disse, mas desconfio que ela saiba que é algo bom), eu tenho certeza: o irmão mais velho, sempre, SEMPRE vai ganhar com a chegada do mais novo. Uma família nunca, NUNCA vai perder com q chegada de mais um bebê.

Se vale a pena ter mais de um filho? Te respondo com a mesma risada alta que a minha mãe deu quando eu estava grávida da segunda: tenha e verás.

Obrigada, minha Bárbara! Estes dois anos foram uma explosão de amor. E eu nem sei como a nossa família existia sem a tua risada gorda, a tua meiguice, a tua leveza, o teu cheiro.

Te amo muito mais que o infinito! Mamãe e papai estarão sempre, sempre aqui.


Dra. Fernanda Mocelin – Pneumopediatra – RQE 27.163